terça-feira, 23 de setembro de 2008

João Sem Verdade - Parte 1

Numa viela escura, estremecida pela vontade da noite em esconder-se, estava só, meandros de vontade e desejo de oscular-me com a primeira ouvinte q desejasse escandalizar-se e outorgar com meus desejos.
Foi qndo parei. Orei e Olhei à Igreja que terminava este beco. Na sua construção assimetricamente barroca, conjunturei em contato com os mais altos anjos daquele edifício gótico. Nada mais ouvia, se ñ o zumbido da noite a cantarolar som de vitrolas velhas. Despedi-me das autoridades clericais e decidi comparecer ao ponto mais alto da Torre do palacete religioso.
Constergando e aparentando ser um homem de boa aparência, erguia a cada mãozada nas pedras daquela casa-divina que ao ápice cheguei antes mesmo que respirar pela segunda vez.
Tamanha beleza me atraiu daquela cena q estava eu conjurado a poucos minutos, quando percebi, que não era simplesmente uma viela e sim, meu sepulcro.
Limpei-me das areias, agora conscientes de suas presenças e desejei jogar-me de volta àquele lugar. Foi quando de fato morri.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Escândalos

Chupar chiclete nunca foi tão importante para João, que mora na rua 7, no edifício 7, do bairro 70. João acreditava que a vida não era senão uma marca nova de chiclete. Até que ele descobriu Gorete. Não pela simples rima com chiclete, Gorete alcançou todos os níveis morais que João já alcançara. Por mais que o volume de sua caixa craniana não fosse tão necessário ao uso primário de sua capacidade cognitiva, João ainda acreditava em chiclete e Gorete. Até que Gorete, fascinada pela proposta indecente de um anjo extra-mundano lhe fizera, viajou para outras maquetes de idéias e abandonou João. Na verdade, o anjo não era anjo. O disfarce enganara Gorete: ele era mesmo uma Televisão. T-e-l-e-v-i-s-ã-o! Mas João descobriu com o tempo que o verdadeiro motivo de sua existência ainda era o chiclete. Mascava aquela substância que só em pensar sua origem lhe trouxera vertigem na visão por acionar uma área suspensa de uso no cérebro lhe roubava todo o tempo. Seus dentes nem mais existiam, seu maxilar poderia se comparar a desventura do mais hábil antílope, de serradura, precisão, agilidade e força. João nunca pensou que poderia ser tão bom em mastigar aquela massa multicolorida. Não pensou porque nunca pensava. Esse era o João. Nos feriados, saia pela juventude corroborativa da ociosidade mental a levantar fundos em patrocínio de seus chicletes. Aquilo parecia polêmico para João: pois alguns se negavam à doação. Mas como? – se perguntava – Como poderiam me negar? Logo eu, tão bom- terminava seu suspiro como que nem tivesse começado. Não terminava por falta de treino, seus pensamentos nunca foram arquitetados de maneira óbvia. A marginalidade existia até em sua cabeça. As gangues rivais matavam um neurônio seu a cada tentativa de pensamento. Até que um dia, os recenseamentos da prefeitura começaram e João passou a morar na rua 8, no edifício 8, do bairro 80. Não chegava a entender o aquilo lhe significava, e isso mexia com um instinto humano que demorava séculos para chegar a tão cadeia genética riquíssima e inteligente e de repente um casulo animal ambulante não fazia esforço algum para memorar aquela idéia e fazer dela um obscuro filosófico. Mexeu de tamanha forma, uma forma sem entendimento e curiosamente que nem sequer as lágrimas entendiam o que se passava na cabeça do garoto que se negaram a sair dos seus estreitos olhos. Vertiginando seus movimentos, João entendeu que aquilo fora a mais vergonhosa e ofensiva ironia existencial que o Governo do qual o bairro morava lhe fizera. Como quem nunca aprendera a respirar, mas fingia como melhor palhaço desengonçado que facetava o ar em várias dimensões e engolia como o mais saliente e denso algoz salivar, como que nunca aprendera tudo isso, resolveu nunca mais chupar chiclete. Chiclete sabor “mente”, porque chiclete hortelã, jurou para seus dentes ofegantes que jamais os deixaria. E João morreu, salivando em litros, mas ansioso por um dia ser o melhor mastigador de chiclete. Independente de sua não-vitória, João nunca soube que essa classe profissional-esportiva nunca existira. Morreu feliz, como quem mastigava um chiclete. Assim foi.
Fernando”
Na noite de 1 de maio, às 23:38H

domingo, 13 de janeiro de 2008

Busque o Bom Combate

A noite nasce com o falecer da Luz... Aurora negra se forma e nos vales da escuridão, andam os peregrinos em busca de suas espadas e de um Bom Combate. Nessas caminhadas, caminhamos todos, às vezes sem saber, buscamos uma Luz à frente. Às vezes isso é declarado. Místico destino.

Nas montanhas que me cercam, nesse paraíso deslocado à matéria, rompi da umbralina notícia de morte às brisas confortantes e puras. Lugar longe do capitalismo. Mas bem perto. Coca- Cola. Bônus. Internet.

Rompi da incerteza da vida, e da precisão da mesma. Sai da capital, mas só sai pela vida. Vinda. Ida. Tudo isso é Vida. Movimento. Da certeza que as miudezas ingloriosas que nos prendemos na vida, de nada serve. Pois chega a morte e nos mostra isso. A morte tem isso. Ou nos renasce, ou nos mata.

O que era só Luz, agora me cerca Negro. Mas não é por isso que tudo é Negro. A balança tirinta para o lado mais provável. A finalidade da noite é tão igual à distância. É na noite que aprendemos a valorizar tudo nosso. É na distância que sentimos falta. E o tempo goza de tudo. Pois ele que separa a distância da noite.

Mas bem sei que o amanhecer me aguarda. Que o Aton me fará rir por sua beleza majestosa. Falo do dia, que agora escurece e necessita da minha vontade para que eu possa ver a vida. É a vida cobrando resposta. É a hora do dia em que só com vontade veremos a matéria, pois senão tudo continua coberto. Não entendas que é minha vida que é enegrecida, em cambio, ela late por vida. Ela se estabelece, a cada dia.

Mas deixamos nossa posse, enquanto fazemos nossa Caminhada. Seja ela espanhola, agrestina, ou Severina. Temos tudo quase igual, em quase tudo na vida. Mas aprendido a lição, retornamos ao calor do que dizemos ser Nosso. Mas que não deixa de ser uma possessão egoísta. Nada pertence. Tudo pertence.

Às vezes fazemos essas caminhadas num sonho. Ele nos desperta ensinamentos tão mais profundos quanto... Ensinamentos estão em tudo. Quanto mais tentamos vê-los, mais conseguimos. Numa casca de noz analisou o Mundo: Poeta.

E da nossa Espada ao fim, do nosso desejo de partir em busca Dela, cabe a nós precisar o que faremos com ela, da utilidade. E foi isso que me ensinou um Mago. Que poderia ter aparecido como Amigo num ônibus lotado, num sonho místico, num blefe de alguém, no silêncio das plantas [pois só elas têm essa permissão]... mas me apareceu por livro*. Que de tão místico e poético se incorporou que minha vontade em busca do Bom Combate se enlanguescera e compartilho humildemente.

Saiba o que busca, por que busca e o que fará com o resultado.

E o resultado é participar da Lei Divina, pois se for dos Planos Cósmicos: Está Feito.


Fernando” Maciano de Paula Neto
12/01/08 - Bezerros – PE


* Diário de um Mago; O Profeta – Paulo Coelho